Pehaps Here, Things Will be Diferent

Para quem acabou de jogar de qualquer outro título da série GTA, o salto gráfico aqui é impressionante. Mas para quem vem de jogos como Crysis, os visuais podem não impressionar tanto a princípio. E de fato, analisando superficialmente, esse não é o jogo mais bonito dessa geração quando se analisa unicamente a definição das texturas ou a modelagem de cenários. Estas minúcias técnicas nunca foram prioridade para GTA, mas o jogo impressiona e é um dos jogos mais bem feitos desta geração graças à ambientação e a atenção aos mínimos detalhes que fazem de Liberty City uma das mais convincentes representações de uma cidade em um jogo. Basta andar pelas ruas largas de Algonquin, cercadas de prédios altos e ocupadas por pedestres e veículos para perceber que a qualidade gráfica aqui tem mais a ver com a quantidade de detalhes. A imprevisibilidade da inteligência artificial das pessoas nas ruas, o trânsito, a noção de que você pode experimentar algo improvável e ver uma reação diferente e até mesmo detalhes como as conversas de celular que podem ser ouvidas compõem um conjunto surpreendente e envolvente.Esses pedestres e carros que lotam as ruas também fazem a graça de Liberty City. Além de serem muito bem modelados, a inteligência artificial do jogo faz com que eles tenham rotinas e ações muito convincentes: se o jogador se dispuser a seguir um transeunte qualquer, irá perceber que ele as vezes atende o telefone celular, pára de andar para ler jornais e faz outras ações básicas que garantem que a multidão tenha um pouco de personalidade. Cada tipo de “personagem” da multidão se comporta de uma forma e existem realmente muitos tipos, até mesmo um aparentemente brasileiro que ofende o jogador em português, com as mesmas palavras de baixo calão que usamos no nosso cotidiano.O repertório de falas dos transeuntes comuns já é algo relativamente impressionante, mas o que é mais impressionante ainda nesse ponto é a quantidade de conversas entre os personagens principais. O volume de diálogo gravado é algo sem precedentes, e o jogo se dá ao luxo de ter momentos em que apresenta mais de uma opção para as conversas. Com isso, caso o jogador tenha de repetir uma missão em que no caminho Niko conversa com seu primo Roman no carro, da segunda vez eles terão uma diálogo bem diferente, apesar de manter o mesmo sentido geral. E assim como tudo em GTA IV, as dublagens para os personagens são impecáveis, dignas de um bom filme de animação no cinema e reproduzidas com perfeito sincronismo gestual.Outro ponto de destaque na qualidade sonora de GTA IV são as rádios. As mais de 200 músicas são divididas em 18 estações, e os DJs incluem personalidade ilustres como Iggy Pop e o estilista Karl Lagerfeld. Diferente dos hits de outrora, a seleção desta vez é mais obscura, tanto que existe apenas uma rádio de rock ao lado de outras dedicadas a coisas como Afro-beat, pop russo, jazz tradicional e jazz fusion.Além da rádio, a Liberty City de GTA IV conta também com programas de TV, uma internet in-game, programas de comédia em auditórios e muitos outros. É simplesmente espantoso o quanto foi investido pela Rockstar em elementos secundários como esses, mas todo o esforço valeu a pena: a ambientação ficou tão envolvente e completa que muitas vezes o jogador irá se distrair com danças particulares nas casas de strippers, shows em cabarés ou assistindo TV “em casa”.