Reminiscências

7 (7). O dia 7 se foi.

Daqui ha 7 meses. 7/7. Meu filho nasceria.

Tenho dividas com amigos e familiares. Briguei com o resto deles. Os poucos que sobraram não desejo conversar tão cedo.

O que sobrou? Parentes e amigos continuam os mesmos.

Escrevo sentado no banheiro do apartamento reformado. Talvez a única coisa que realmente tenha mudado.

A vida passa. Daqui ha 7 meses, apegado a essa data, terei outro tipo de surto?

E meus filmes? Terei concluído o roteiro o qual estive debruçado o ano inteiro?

O que restou foi um curta de 2006 que ninguém espera que fique pronto e algumas idéias.

Sinto raiva. Ter esperanças distantes era pior.

Que besteira falar de mim no dia da morte do meu filho.

Penso na velhice. Terei freqüentes sonhos com os mortos. Acordarei e ligarei para uma pessoa que acreditava estar viva.

Não posso sonhar com meu filho, pois nunca vi seu rosto.

Um amigo meu estava certo. O arrependimento vem rápido. Todos olham para si a fim de não verem o que fazem aos outros. Drogam se a procura de um equilíbrio a buscar. Ou não, porque o ego os completa.

Eu ainda não venci. No entanto, tenho fichas extras para jogar.

Escrevendo, e às vezes, reescrevendo romances, suspenses, aventuras e horrores. Para depois deixa-los guardados na gaveta.

Na maioria dos meus finais os personagens principais morrem. Somente em alguns poucos eles ficam vivos... sem aquilo que tanto almejam. Mortos em vida.


A morte é o meu segredo. Um mistério que sorri dentro de uma caixa a 7 palmos de terra.

A morte leva você ao mais próximo, pelo tempo da sublimação do sofrimento.

O budismo mostra que a imaginação é pequena. Insuficiente. Como uma piada contada pela metade. Não há ideia. Ideia forte. Um norte.

No fim, ela, a piada, é a melhor metáfora? Ficam-se os problemas enquanto nos passamos pela vida é o que ela diz.